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"O que representou ser imortalizado pela Academia Vianense de Letras?

"Geralmente quando se escreve um livro há uma introdução chamada de epígrafe. A minha 'epígrafe' foi escrita pelo meu descobridor, o poeta, músico, escritor, padre João Mohana. A 'epígrafe' dizia o seguinte:

'Estevão, é bonito ver alguém que veio do pó alçar vôo. Mas é mais bonito ver esse alguém alçar vôo e querer levar os outros consigo'.

Ser homenageado em uma instância de tal teor significa, para mim, não uma conquista individual, a participação desde os meus pais, dos amigos que me escutavam e aos que me deram oportunidades. Esta conquista é compartilhada como estes amigos e com o povo de Viana".

trecho de entrevista concedida à Rádio Mirante AM.

Leia aqui na íntegra.

Em 1982, publicou 

Regresso triunfal de Cruz e Sousa e

Os segredos de seu Bita da-nó-em-pingo-d’água (livro de poemas dividido em duas partes), do qual retiramos um fragmento que expressa a sua vinculação étnica, bem como o seu posicionamento crítico sobre a realidade social do negro brasileiro:

“De imediato, o leitor identificará que se trata de uma criação literária de um autor negro. E como negro explorado e discriminado há cinco séculos pela minoria que se mantém inabalavelmente no poder, junto-me às demais vozes que reivindicam uma participação justa nos segmentos que determinam os rumos da nação e também àquelas que lutam pela quebra dos estereótipos negativos atribuídos ao negro.” (MAYA-MAYA, 1982, p. 3)

A primeira parte do livro citado é composta de um longo poema que descreve o retorno do poeta simbolista Cruz Souza, invocado pela memória do autor. Em análise a Regresso triunfante de Cruz e Souza, o também poeta Edimilson Pereira dos Santos faz a seguinte apreciação crítica:

O engajamento social do poeta maranhense transparece em sua vontade de realçar a importância do homem negro para a sociedade brasileira. Isto é levado a efeito na medida em que sua voz aponta as qualidades literárias de Cruz e Souza, alertando para a necessidade de se reinterpretar os fatos históricos a partir do ponto de vista dos afrodescendentes. (Apud MAYA-MAYA, 1982)

A segunda parte do livro, Os segredos de seu Bita da-nó-em-pingo-d’água, que por sua vez, encontra-se subdividido em outras quatro partes, narra a trajetória do menino Bita. Assim, segundo Edimilson o autor “desenha um certo perfil que situa os afrodescendentes entre o passado e o presente, entre a preservação e a transformação de sua experiência cultural.” (Idem)

Seu outro livro

Cantiga pra gente de casa, chegada em cima da hora, publicado em parceria com o poeta Wilmar Alves Ribeiro, constitui-se de relatos do dia-a-dia, sob a forma de cantigas populares.


 

PUBLICAÇÕES

Obra individual

Regresso triunfal de Cruz e Sousa e Os segredos de seu Bita da-nó-em-pingo-d’água. São Paulo: Kikulakafi, 1982. 85p.

Do país do saque tudo à terra onde os mortos falam. (Teatro, com versão espanhola), 1981.

Terra nossa ou Dama-valete-rei d’espadas (Musical), 1981.


 

Coautoria / Antologias

Cantiga pra gente de casa, chegada em cima da hora. São Paulo: Kikulakafi, 1981. (Em parceria com Vilmar Alves Ribeiro).

Ongira: grito africano. Co-autoria com Antônio de Pádua (Ópera afro-brasileira, encenada em 1980).

Não Ficção

Análise e reflexões críticas sobre a produção literária afro-brasileira dos anos 70. In: ALVES, Miriam; CUTI, LUIZ Silva; XAVIER, Arnaldo (Org.). Criação crioula, nu elefante branco. São Paulo: secretaria de Estado e Cultura, 1987. (Ensaios).

FONTES DE CONSULTA

DAMASCENO, Benedita Gouveia. Poesia negra no modernismo brasileiro. Campinas: Pontes Editores, 1988.

OLIVEIRA, Eduardo (Org.). Quem é quem na negritude brasileira. São Paulo: Congresso Nacional Afro – Brasileiro; Brasília: Secretaria Nacional de Direitos Humanos do Ministério da Justiça, 1998.

PEREIRA, Edimilson de Almeida. Contemporary Brazilian Poetry: Invention and Freedom in the Afro-Brazilian Cultural Tradition. In: Journal of Latin American Cultural Studies. London: King’s College, Vol. 5, No 2, 1996, p. 139-154.

PEREIRA, Edimilson de Almeida. Estevão Maya Maya. In: DUARTE, Eduardo de Assis (Org.). Literatura e afrodescendência no Brasil: antologia crítica. Vol. 2, Consolidação. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.

WHITE, Steven. Reinventing a Sacred Past in Contemporary Afro-Brazilian Poetry: In: Introduction. In: Callaloo – A Journal of African-American and African Arts and Letters. Charlottesville: University of Virginia/ John Hopkins University Press, Vol. 20, No 1, 1997, p. 67-105.

WHITE, Steven. A reinvenção de um passado sagrado na poesia afro-brasileira contemporânea. In: Estudos Afro-Asiáticos. Rio de Janeiro: Universidade Candido Mendes/Centro de Estudos Afro-Asiáticos – CEAA, julho de 1999, no 35, p. 97-110.


fonte: 

http://www.letras.ufmg.br/literafro/autores/251-estevao-maya-maya

LITERATURA

© 2022 por Mauricio Conforto

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