
MEMÓRIAS

Jamila Maia
Facebook, 02 de Novembro de 2021.
O dia de Finados nunca tinha significado muita coisa pra mim. Até esse ano.
O luto é como um programa que fica rodando em segundo plano. Você não vê o tempo todo, mas ele está ali, consumindo parte da sua energia, fragilizando você um pouco.
Eu sinto falta do meu pai em coisas tão mínimas.
Ouvir uma cantora no rádio e saber que não vou poder fazer uma análise técnica com ele de algo que me chamou a atenção, ou lembrar do arranjo bonito pra quatro vozes que ele fez pra uma canção.
Ouvir o carro do ovo passar na rua e lembrar de como ele ria gostoso de um carro que dizia "ovos, ovos da granja! 30 "ôvo" por $ reais", rs.
Passar em frente à padaria onde ele sempre pedia café e bolinho de bacalhau quando eu o levava pra passear.
Eu sei que uma hora isso tudo vai virar uma saudade menos doída, mas ainda são raros os dias em que eu não enxugo uma lágrima diante de uma dessas ausências miúdas, mas tão eloquentes.
Encontro conforto na fé de que ele está bem onde quer que esteja, graças ao cara incrível que ele sempre foi. Todo meu amor pra você, pai.